quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Cegueira


Hoje fui assistir ao filme do Fernando Meirelles, Ensaio sobre a Cegueira, baseado no livro de José Saramago.
Ainda vou precisar de algum tempo para formatar melhor na minha cabeça se gostei ou não do filme.
Quando soube que o Fernando iria fazer a transposição do livro (um dos melhores que li na minha vida) fiquei bastante empolgado, haja vista os bons filmes anteriores dele (Menino Maluquinho 2, Domésticas, Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel).
O primeiro trailer a que assisti me desanimou sobremaneira, com aquele visual "comercial de margarina". Será que o Fernando errara tanto na mão?
Veio então a apresentação em Cannes e a saraivada de críticas negativas. Xiii, achou que o caldo desandou...
Nova edição e comentários daqui e dali dizendo que tinha melhorado muito (outros dizendo que continuava na mesma). Nova espera...
Finalmente estreiou (12/09). Procurei não ler muitas críticas (confesso, acabei lendo a do Inácio Araújo, que acabou por dizer que as falhas do filme já vinham do livro e acaba quase por inocentar Fernando) na esperança de que pudesse ter um julgamento mais isento quando o assistisse.
Fui com a Selma hoje à tarde (meia entrada sempre ajuda), nos sentamos numa sala quase vazia (havia só duas amigas lá dentro) e esperamos pacientemente vendo aos intermináveis e chatos trailers (destaque, negativo, para o filme A Guerra dos Rocha...)
Uma das minhas grandes expectativas era da cena inicial, onde o primeiro homem perde a visão, uma das melhores entradas de livro da história. Algo se perdeu na adaptação, o tempo elástico das elucubrações do narrador foram diminuídas. Perdeu-se também o suspense do momento que descobrimos o que fala o homem. Uma pena.
Não, minha impaciência vai voltar a atacar contra o pobre Meirelles? Espero que não.
Continuo a ver e gosto da fotografia corajosa do César Charlone com seus brancos infindáveis, seus estouros propositais, focos quase etéreos e demais abstrações.
Não sei se gosto do elenco; Juliane vai bem, como sempre (apesar de ter o choro mais feio do Cinema mundial...), Rufallo não me empolga, Glover pouco faz para se comprometer, a mesma coisa com Alice Braga; Gael não me agrada, mas gosto do contador (Maury Chaykin).
Há muitos outros momentos que me pareceram estranhos, esquisitos, fora de compasso mas a minha memória do livro pode estar me enganando (acabo de ver meu exemplar: o li há dez anos). Não, não sou um fã de adaptações fiéis (e talvez seja esse o problema, me parece que está tudo fiel demais), só espero um bom filme.
Preciso de tempo, como disse lá em cima, para digerir tudo o que vi; clarear na minha cabeça as informações. Refazer e organizar os sentimentos do livro e do filme. Minha primeira impressão é de uma leve decepção...

domingo, 14 de setembro de 2008

Linha de Passe


Fui ver o novo filme de Walter Salles e Daniela Thomas, Linha de Passe.
Bom filme com boas atuações de todo o elenco. O óbvio é dizer que Sandra Corveloni se destaca, uma vez que ganhou o prêmio de atuação em Cannes, mas o elenco, como um todo vai bem. 
Gosto bastante dos filmes do Walter. Assisti a todos desde A Grande Arte. Me emocionei bastante com Central do Brasil, Terra Estrangeira e  Diários de Motocicleta. Lutei sinceramente para me apaixonar pelo Abril Despedaçado mas não deu. Acho que Água Negra tem suas qualidades (apesar de inferior, levando-se em conta o filme de gênero, ao original japonês).
Talvez esse filme acabe, com o tempo, passando para uma posição mediana na carreira do Walter.
Gosto desse Cinema que acredita no ser humano.