sábado, 30 de junho de 2007

Força Velhão


Hoje fui ver meu pai no Hospital. Foi operado. Cancêr na Próstata. Parece que tudo se resolverá bem, mas a visão dele na cama mexeu um pouco comigo.
Quando somos crianças sempre acreditamos que nosso pai é forte e inteligente, que estará sempre lá para nos apoiar.
Na adolescência nos deparamos com um Pai falho, que não entende nossas necessidades e autoritário, que nos impõe regras quando não queremos nenhuma.
Adultos começamos a descobrir que ele não é tão forte assim. Nos pegamos dando broncas nele por burradas ou mesmo atitudes impensadas e começamos cada vez mais a nos parecermos com ele.
Hoje tive a visão de quão fraco ele pode ser... A doença pode levá-lo algum dia (e espero que demore muito) e somos também impotentes quanto a isso. O vi deitado na cama, com os olhos fechados e ânsia de vómito (por causa da anestesia) e ouvi da minha mãe uma verdadeira e real frase de amor. "O meu velho está bonito". Ele sorriu. Depois dormiu.
Sei que nunca fomos uma família muito amorosa e, acho, bem distantes uns dos outros. Eu e meu irmão quase não nos falamos e dificilmente nos abraçamos meu Pai e eu. Mas hoje, o vendo alí, deitado com aquele monte de fios e tubos na UTI do Hospital pensei em tudo que ele nos ensinou e fiquei agradecido.
Força Velhão.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Zodiaco



Ontem fui ver o novo filme do David Fincher, Zodíaco.
Gostei bastante.

Feito em HD sem compressão. Nem se percebe. A não ser por um tom de pele "plástico" que eu já havia notado no Senhor dos Anéis. Sei lá, preciso conversar com fotógrafos...
Ótimo elenco

Bem contado, ganha muito no momento que o Cartunista (Jake Gyllenhaal) vem para o centro do filme. Aliás, bem interessante essa forma de contar, cada um dos três personagens principais (além de Jake, Robert Downey Jr e Mark Ruffalo) tem seu momento. O do Jake é o melhor, e mais interessante.
Um filme em que a preocupação
é a busca e não o resultado dela.

VIVA, o Fincher Voltou!!!! (depois do equívoco do Quarto do Pânico)


PS: como curiosidade achei alguns outros filmes com base no mesmo assassino AQUI. Acho que só o de 2005 vale a pena (que também tem no elenco Philip Baker Hall) AQUI. No mais, o comentário satírico fica para o Ulli Lommel, que cometeu dois!!AQUI1 AQUI2

PS2: Ainda vou fazer um post sobre o Ulli Lommel... acho que vale a pena...

Brasil



Ok, ok, ok,
Estava em débito com os filmes nacionais e resolvi aproveitar o feriado para me atualizar. Queria ver três: O Cheiro do Ralo, Baixio das Bestas e Não por Acaso. Pelo que tinha lido e pelo retrospecto dos diretores (Heitor Dhalia, Claudio Assis e Philipe Barcinski) apostava minhas fichas no último deles. O primeiro filme do Heitor (Nina) é fraco... bem fraco. Bela fotografia e atuações esterotipadas (A Nina e sua versão clichê da roqueirinha dark
rebelde...). O do Claudio (Amarelo Manga), apesar de festejado, me pareceu excessivo, com atuações beirando a histeria, cenas feitas só pra incomodar (como as do matadouro) e um discurso que a mim incomoda profundamente, a tentativa de se excluir dos males da gentália brasileira. O "artista" que toca na hipocrisia da sociedade (algo que o famigerado Sergio Bianchi costuma vomitar na nossa cara). Isso sem contar a aparição despropositada do diretor.
Barcinski, do qual havia visto antes o curta Palíndromo, me parecia interessante e o trailer de seu filme me capturou (aliás, verdade seja dita, os três trailers são bem interessantes e cumpridores de seu papel, nos dão vontade de assistir aos filmes sem nos contar muita coisa).
Obviamente, como todos os plano que faço, não consegui realizar a empreitada. Optei por ver os dois mais antigos, Não por acaso acabara de entrar em cartaz e durará (espero) mais algumas semanas.
Vi os dois no mesmo dia (sábado, sessões das 20:10h e 23:20h), o que talvez não seja muito apropriado, uma vez que o primeiro filme acaba não tendo o tempo necessário de maturação em nossa mente para que se forme uma opinião mais duradoura, mas... nas minhas circunstâncias, era o possível.

Baixio: Mais interessante que Amarelo Manga (ainda que os "defeitos" que apontei acima ainda estejam lá, em menor grau). Trata da degradação (por isso bestas) da população de um vilarejo (o Baixio) perdido no meio do Nordeste. A Hipocrisia do Avô/Pai que faz um discurso sobre a falta de moralidade e hombridade do local enquanto pratica um ato muito pior com sua neta é um ponto interessante.
A classe mais abastada do local se parece com uma espécie de mistura entre Kids (Larry Clark) com O Ódio (Mathieu Kassovitz). Amoral e Imoral, sem metas ou esperanças, sonhos ou gratidão. Vive uma vida vazia e egoísta, em busca de uma satisfação Sádica de humilhação da classe "inferior" (no caso as Putas e lavadeiras virgens).
Não há responsabilidade nem comprometimento de ninguém. Não existe nenhum personagem "bom". Existe tão somente os ingênuos e os cegos (que fingem não ver nada).
O que me incomodou nesse filme foi a falta de ir aos limites sugeridos por Claudio, digo isso principalmente na cena do ataque da neta pelo filho abastado da cidade. Assis cria um ambiente de desconforto no espectador mas evita uma encenação mais realista; o ataque me parece por demais coreografado. Não entendo o pudor de Assis em mostrar, por exemplo, o
pau do ator. Todos se viram para que nada apareça. Isso em mim causa um sentimento de afastamento da cena, uma vez que ela foi concebida de forma realista, mas se recusa a continuar nesse tom. Até parece que estão preocupados com a censura de classificação ...
Outro ponto que me desagrada é a invasão da casa do avô, alegórica demais para esse tipo de filme.


Cheiro do Ralo: O vi após, em outra sala de cinema. O filme vem seguido de enorme campanha da crítica e um forte boca a boca, além de prêmios em vários festivais. Já entro com uma "carga" colocada em meus ombros, mas...
O filme tem boas idéias, atuações e soluções interessantes, mas me desagrada muito a insistência (que é compartilhada por toda a publicidade e alguns filmes internacionais) na estética anos 70, "sim, somos modernos e descolados porque gostamos do retrô, do vintage". Ai, ai, ai...
Palmas para o Zé Bob, pela fotografia, para a Bunda, pela "grande atuação" (não resisti) e principalmente para o Lourenço, pelo livro e por sua aparição iluminada.
Acho mesmo que o filme seria muito melhor se o próprio Lourenço vivesse o personagem principal. Claro, claro que o Selton Melo está bem (não, esse não é seu melhor momento, como repete a crítica desinformada desse país, não esqueçam de O Auto da Compadecida e Lavoura Arcaíca), mas o acho um erro para o filme, que ficasse só como produtor executivo.
No saldo final gostei dos filmes (mais do que os anteriores dos dois diretores) mas fiquei com uma ponta de remorso por não ter visto o filme do Barcinski.