segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Cedinho no trabalho












Cheguei cedo hoje, decidi tomar o café por aqui. Não estava com vontade de bater papo logo cedo, então tomei uma das minhas decisões covardes e fugi.
No carro vim ouvindo sons estranhos Lothar and the Hand People
e depois Lucifer's Friend, o primeiro mais "experimental", meio porra-louca, maconheiros em geral. O segundo um caldeirão onde pude identificar Led Zeppelin e Uriah Heep (aliás, um vocalista do Lucifer's já cantou no Heep). Nada que me anime muito, apenas algo para passar o tempo.
No viaduto do morumbi vejo um homem tentado roubar a bolsa de uma mulher, que caída no chão, conseguiu escapar. Ele corre pelo viaduto enquanto carros buzinam em desaprovação. Olho o tipo dele e não vejo o perfil clássico do ladrão. Ele me parece mais um desempregado que tentou arranjar uma graninha fácil. Sei lá, acho que penso nisso só como desculpa pra minha falta de atitude. Por que não saí do carro como o Mel Gibson no Máquina Mortífera e corri atrás dele até pegá-lo? Na verdade somos muito mais bundas moles do que pensamos, apenas buzinamos sem nos envolvermos demais.
Chego no trabalho e fico esperando alguém. Meu assistente ou a menina da pasta. Meu dia será longo, tenho duas reuniões à tarde e uma pasta para preparar, com reunião na terça.
Meu humor está médio, apesar do engasgo de ontem com a produtora de objetos. Tenho vontade de ligar e lhe dar um belo esculacho, mas vou acabar fazendo uma das minhas vinganças pessoais sacanas. Vou deixá-la contrangida na frente do diretor. Coisa de covarde...
Cedo no trabalho esperando o dia passar.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Irmão


Minha mulher entra no escritório e diz meio sem paciência:
-Sua mãe está no telefo
ne, quer saber se você vai na formatura do seu irmão.
Droga! Tinha me esquecido, ou mesmo procurei me esquecer, já tinha até dado uma boa desculpa.
-Talvez tenha de trabalhar e não possa ir...
Atendi o telefone e continuei minha farsa, talvez fosse mais tarde no trabalho. Mentira. Só não queria me comprometer com isso naquela hora da manhã.
Ao desligar, e ouvir os comentários jocosos da minha mulher, indignada com a "proteção" para com meu irmão, algo dentro de mim mudou. Um estalo, um comichão, dor na consciência, sei lá; apenas tive vontade de comparecer.
Dia todo de angústia, esperando o momento de ir à Formatura de Direito do meu irmão.
Sete e meia da noite. Saio sozinho e vou à Universidade Ibirapuera, onde ele estuda. Do caminho ligo para meu pai e tento descobrir onde devo ir, mas ele sequer saiu de casa.
-Mas não era às oito? Vocês vão se atrasar...
Pergunto ao guarda na guarita onde seria a cerimônia e ele me indica a direção.
-Siga aquela senhora, ela vai para lá.
Não é um auditório comum, fica do lado de fora do prédio, tem aquele ar de improviso, um salão adaptado.

Do lado de fora vários formandos conversam e se divertem com sua becas emprestadas pela faculdade. Tudo aqui tem um ar pobre, meio ajambrado, como se a comemoração não fosse algo importante, se a cada semana tivéssemos duas ou três dessas (quem sabe não é isso mesmo).
Um mão acena para mim, é meu irmão, com um sorriso simpático, apesar de tímido. Chego até ele e o cumprimento. Um leve apertar de mãos e um abraço meio deslocado, quase envergonhado.
Quando éramos adolescentes até que no entendemos bem eu e meu irmão. Talvez fosse o assunto e interesse comum na música. Apesar de, em retrospectiva, perceber que, na verdade, nunca conversamos mesmo, nunca tivemos um diálogo. Tivemos sim muitos monólogos. Insistiamos em não ouvir o que o outro falava, apenas esperávamos para continuar nosso relato. Ele falava de alguma coisa que eu não prestava muita atenção e eu dizia uma monte de coisas que ele nem ouvia.
Agora alí, na frente daquele auditório, botávamos a nu nossa relação distante. Não somos dois irmãos, somos dois colegas que não se conhecem muito bem.
Ele me apresenta a um amigo. Que na tentativa de ser simpático me desagrada mais ainda. Diz que meu irmão é uma "figura". Tentando lhe imputar um tipo de descontração e liberdade que, francamente, ele não tem. Meu irmão é um cara tímido (alguns, como minha esposa, diriam mal educado), brinca sim, se diverte, mas não tem a espontaneidade que o termo "figura" exige.
Procuro um lugar onde me sentar para que possa fotografar o evento. Minha mãe havia me pedido a câmera digital emprestada mas achei melhor eu mesmo fazer o traballho sujo.
Não me coloco bem, estou praticamente no meio da sala e já não tenho esperanças de fotos maravilhosas. Com o Zoom digital nada vai ficar "ótimo".
Não quero aqui me alongar na maçante, previsível e mambembe festa de colação de grau. Não quero ter de falar sobre os discursos óbvios de pseudo-bacharéis de direito, nem daquelas músicas horríveis que tocaram por lá. Não quero...
Pernas, rostos e corpos me satisfizeram e pude suportar o martírio até o fim.
Ao final corremos eu, minha mãe e meu pai para uma fotos dos dois orgulhosos ao lado do segundo filho formado (o primeiro fui eu, mas nem Formatura tive). Acho que no coração dos dois deve haver um alívio do dever cumprido. Afinal, conseguiram dar estudo aos dois rebentos, algo que nesse nosso país é um feito.
Na saída ainda vimos o diploma em Aço Inox (?!) que poderia ser encomendado alí pela bagatela de 3X R$85,00!!
Indo embora, sozinho, pensei nele mais uma vez e em tudo que passamos nas nossas vidas; a brigas as picuínhas, os desentendimentos, as horas ouvindo Iron Maiden e dividindo os discos no dia que me casei.
Espero, sinceramente, que tenha sorte e se acerte na vida.
Afinal, isso é o mínimo que se pode desejar a um irmão...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Sobre a ânsia de aparecer

Olho a tv e nada me satisfaz, mudo os canais mecânica e frenéticamente esperando algo acontecer.
Sei lá, um terremoto, uma assassinato, uma enchente. Algo que me tire desse estado de letargia onde me encontro.
Os programas passam sem parar, mas nada prende minha atenção. Depois de rodar duas vezes a infinitamente inútil
gama de imagens, desisto. Largo tudo ligado e vou para o escritório "tratar" de minha vida. Essa vidinha modorrenta, sem graça, que foi, aos poucos, tomando conta de mim.
Começo a vasculhar na privada chamada internet à procura de algo melhor. Começo tímido e pudico. Visito sites "família", de literatura, de cinema, mas isso tudo me enfadonha mais que a velha caixa de imagens da sala.
Parto então rumo ao verdadeiro libertador dos notívagos em geral. Vou diretamente para as páginas proibidas, aquelas que
vemos escondidos, que averiguamos enquantos nossas mulheres, mães, pais, amiga(o)s, filhos não estão por perto. Sacanagem.
Procuro fotos de flagras de alguma famosa (as chamadas celebridades). Existem muito sites com esse tipo de conteúdo, a maioria pago, ou seja, muita gente lucra com nosso desejo de descobrir algo de proibido, de ruim, naquela última vagabunda alçada a novidade da mídia.

Olho fotos de Paris Hilton, Britney Spears, Juliana Paes, Lindsay Lohan, Adriane Galisteu, Cicarelli e outras e penso sem parar porque essa ânsia em aparecer.Será que vivemos vidas tão miseráveis assim? Será que a única coisa que importa são aqueles minutos onde nossa foto (com tarjas, é claro) aparece nos inúteis programas de celebridades? Tudo isso me enoja um pouco, apesar de me satisfazer como voyeur. Fico olhando o rosto idiota da Paris Hilton e me pergunto porque ela quer tanto aparecer? Será que o fato de ser herdeira de uma das maiores redes de hotéis do mundo não basta? É preciso sair por ai mostrando sua calcinha (quando ela está lá, é claro), espalhando vídeos com o namorado (e depois fingir, como fez a "vagabunda Lee Anderson, que isso "vazou" sem seu consentimento!), fazendo filmes ridículos (A Casa de Cera) só pra ter mais alguns momentos de fama?
Que vida mais triste e sem sentido essa da busca insessante das migalhas de atenção.
Revisto mais alguns sites e me deparo com as brasileiras. Vejo fotos de Juliana Paes, Cicarelli, Galisteu, ex-BBBs, ex-Paquitas, ex-cantoras, ex-tudo...

O assunto mais "quente" do ano, aqui pelas praias tropicais (apesar de ter ocorrido da Espanha) foi o vídeo de Cicarelli com seu namorado (como é mesmo o nome dele?) em plena cena de sexo no mar. Perfeitamente "escandalizado" e "indignado" momento da modelo que sofre pelas mãos de terríveis Paparazzi.
Cicarelli tem história nesse assunto de criar balões de ar, forjar assuntos para se manter em alta na mídia, vide seu "casamento" com Ronaldo (outro típico montador de estórias para idiotas verem).
O mais incrível foi a notícia (aqui) que a modelo tenta fechar o acesso ao site Youtube por publicar o video "sem consentimento". Como o assunto estava "esfriando" ela surge como novo ataque na esperança de conseguir novamente mais um tempinho de nós, idiotas de plantão.
Minha paciência começa a acabar, reviro as páginas com a mesma falta de ânimo que tive na Tv. Penso no tempo que perco vendo essas imbecilidades e tenho vontade de me matar. Porque dou ibope para todos esses inúteis que aparecem a cada cinco minutos no meu computador? Porque simplesmente não desligo a droga do computador e a porcaria da Tv de uma vez? Porque não leio mais livros, vejo mais filmes, escrevo mais?
Sei lá, acho que sou como todos. Vivo minha vidinha sem sentido, esperando o dia da morte chegar e no meio do caminho procuro bater umas punhetas aqui e alí.
VIVA AS VAGABUNDAS, VIVA AS CALCINHAS, VIVA A ÂNSIA DE APARECER...

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

OK, OK, OK

Bem, tenho pensado sobre isso há um bom tempo, mas só ontem à noite, depois de ver o blog da grande amiga Kity, confesso, fiquei com uma pontinha de inveja...
Sei lá, veremos no que vai dar...