domingo, 20 de maio de 2007

Ninguém liga... nem você...



"Bem..."
pensou o assistente, enquanto ouvia, do outro lado da linha, pelo celular, o diretor do filme lhe empurrar toda a responsabilidade pelo elenco.
"Confio em você."
foi o que disse o diretor no final da chamada.
Desligou em seguida.
Tanta coisa pra fazer e decidir. Corto ou não corto o elenco? Pior que gostei da maioria. Me guio pela lista de carros. Tem muito Palio e pouco Siena e Strada...
E a pasta? Deixa do jeito que está. Não mexe que fede...
Penso nos próximos trabalhos. Será que estarei neles? Será que não? Será que importa?
Nem pensei na idéia para o programa do Discovery. Aposto que meu assistente pensou. Lógico, enquanto fico aqui me danando, ele tem tempo de sobra pra se esbaldar. Esperto o cara. Trabalha pouco e mantém o nome em alta. Você devia aprender com ele.
"O pior que amanhã é meu rodízio, não posso sair daqui em cima da hora..."
Sexo, sexo, sexo... tô ficando mais velho e mais safado...
"A PORRA DA CÓPIA AINDA DEMORA!!!"
E amanhã todos vão sorrir, como se ninguém pensasse em te ferrar, e vão fingir que se importam com você, perguntar se acabou muito tarde.
"Não, não, até que não saí tarde..."
Mentira, saiu BEM TARDE!
Ninguém liga... nem você...

domingo, 13 de maio de 2007

I´m a Cyborg, But That´s Ok



Hoje assiti ao novo filme de Park Chan-Wook, diretor da trilogia da vingança (Sympathy for Mister Vengeance, Old Boy e Sympathy for Lady Vengeance), I´m a Cyborg, But That´s Ok, filmado, ou melhor, gravado em HD (Viper da Thompson).


Desde que vi Old Boy me viciei nos filmes desse coreano ( tenho ainda um curta seu Judgement e o filme 3 Extremos, composto de três estórias dirigidas por diretores asiáticos, a saber, além de Park, Fruit Chan e Takashi Miike). Baixei os outros dois filmes da trilogia e me deleitei com seu cinema virtuoso.

Quando soube desse último filme fiquei ansioso e nessa semana, consegui baixá-lo (com a desculpa de ter de usá-lo numa pesquisa para uma propaganda que estava fazendo).
Hoje, finalmente, decidi assistí-lo.
Não diria que se trata de um filme fácil. É preciso aceitar certas liberdades para poder apreciá-lo. A estória trata de uma garota (Su-Jeong Lim)
que acredita ser um ciborgue e é levada para um manicômio. Lá, se apaixona por um dos internos.

O filme de Park me lembrou as travessuras narrativas de Michel Gondry (Brilho Eterno de uma mente sem Lembranças e, principalmente, A Ciência do Sono), com sua verve Surrealista. Park trata o filme como uma fábula romântica (assim como o Gondry dA Ciência) e se aproveita do fato de estar num manicômio para se liberar quanto a realidade. Somos surpeendidos o tempo todo com fugas da realidade. Em certos momentos fica difícil de entender se é uma realidade fantástica ou um sonho dos personagens.

Não sei dizer se gostei ou não, precisarei de alguns dias para deglutir melhor. Cyborg tem ótimas idéias (adorei a forma como a Avó, falecida aparece num campo), mas algo nas interpretações me incomodou. Os internos do manicômio parecem "loucos" demais pro meu gosto. Na verdade cheguei a dar uma cochilada no meio do filme. Talvez isso se deva, um pouco, ao fato de estar assitindo com legendas em espanhol.

Visualmente gostei bastante do que ví. Se não tivesse lido antes que o filme fora gravado em HD, nem de longe suspeitaria. Park foi inteligente, faz um filme "clarinho", com boa invasão de luz, sem enfrentar externas de sol forte e mesmo situações desfavoraveis de luz. O único momento em que reparei um "deslize" foi, logo no início, quando a mãe da protagonista, em flashback, entra na cabana de sua mãe; a luz de fora fica extremamente estourada.
A direção de arte caminha lado a lado com a idéia de fábula romântica surreal. Cores intensas e primárias ajudam a "embelezar" o filme.
Na música uma repetição das idéias dos filmes anteriores (se não me engano o compositor é sempre o mesmo). Valsas...