segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O Circo


Que delicioso sorriso surge da criança ao meu lado. Os cantos da boca se movem rapidamente, no ritmo da piada contada lá no picadeiro.
Me imagino sorrindo assim quando ainda tinha meus poucos anos. Anos idos, anos vividos.
Tenho uma ponta de inveja das risadas soltas da molecada. Sinto falta da ingenuidade de criança; a piada era só isso, uma piada, engraçada e divertida às pampas. Hoje ficamos, nós adultos, tentando achar significados, tentamos descobrir e "apreciar" a estrutura dela, a piada.
A água espirrada pelos palhaços sapeca os rostos risonhos que se escondem e reclamam como quem pede "me molha mais, tio". Os adultos, às vezes se irritam com a molhaceira. Temos vergonha de subir ao palco, pagar um mico. As crianças imploram para serem vistas. Algumas chegam a sair desapontadas por não participarem o suficiente. Nós, ao contrário, saímos aliviados pelo anonimato.
Ontem voltei um pouco no tempo e resolvi participar do espetáculo. Resolvi pagar um "mico". A camisa amarela escolhida em casa talvez mostrasse um desejo escondido de ser visto. O palhaço veio na minha direção e estendeu seu microfone. Perguntou meu nome. Subi, sorri, brinquei e nem sofri muito (a não ser, lógico, os litros de água que minaram nervosos). E sabe o que mais me alegrou? Uma menininha sentada no chçao me olhou e disse que eu estava engraçado lá no palco. Ganhei o dia.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Kity em casa

Minha amiga kity veio por aqui ontem. Passamos, como de costume nos nossos encontros, falando e vendo milhares de coisas sem conseguir falar sobre o que deveríamos. Culpa de nossos esparsos encontros. Se não me engano, faz um ano que ela não aparece por aqui. Passei para ela algumas coisas: Os filmes que ela havia me pedido com adaptações de Beckett.

SITE BECKETT ON FILM
O projeto chama-se Beckett on Film, com 19 filmes adaptados de peças dele. Esperando Godot, Fim de Jogo, Dias Felizes, etc. Bom elenco e diretores de respeito. O duro, pra mim, será acompanhar tudo sem legendas... E o texto, como se espera, é muito importante. Notícias logo mais.
Passei também as séries Californication e Heroes para ela se divertir. E vai, viu.

SITE CALIFORNICATION
Coisa fina a primeira delas. A saber: Escritor (DAVID DUCHOVNY
, escapando da sina Arquivo X) em crise criativa e emocional; a eterna namorada (NATASCHA McELHONE ) vai se casar com outro e a filha de 13 anos começa a descobrir sua sexualidade. Personagens ótimos e texto interessante são a constante. Doze episódios da Showtime (aqui na Warner), um dos grandes fornecedores de séries descentes (vide Weeds e Dexter).
Ela me passou uma raridade, aliás duas: os dvds da trupe teatral Le Theatre du Soleil (que há pouco se apresentou por aqui com Le Efemeres), Le Dernier Caravansérail (espetáculo anterior) e Un Soleil à Kaboul 9(documentário sobre o Workshop promovido por eles no Afeganistão).


SITE LE THEATRE DU SOLEIL
Servem como consolo para o idiota aqui que perdeu as apresentações da peça.
Voltarei a falar disso novamente (não da idiotice, mas, é logico dos Dvds).

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Sem Título

Algumas coisas:
Fui no VideoBrasil ver os outros Tulse Luper. Ainda gosto mais do primeiro, mas a solução final é muito boa!
Mostra chegando com Jia e os filmes que falei anteriormente; os premiados de Veneza e Cannes, Lynch, Cronenberg, Coen e um francês (que não lembro o nome agora) que tem um resumo de filme muito bom...
Fui ver o Tropa de Elite hoje (no Cinema, claro, e olha que nem vi pirata...).Preciso deglutir o filme um pouco melhor. No geral gostei. Volto a falar logo...
Começou mesmo o nosso filme... Estação Liberdade. Vamos torcer pra tudo dar certo.
...
Ah,... parei o livro de novo... Não falei pra não criar expectativas?

domingo, 26 de agosto de 2007

O LIVRO

Acho que vou tentar continuar meu livro. Deixei-o de lado por muito tempo e agora, quem sabe? vou terminá-lo. Melhor não criar muitas expectativas...

domingo, 29 de julho de 2007

Coisas...

Ando passando os dias em casa fuçando na Internet. Tenho sentimentos conflituosos quanto a isso. Por um lado odeio ficar sem perspectiva de trabalho à vista, uma vez que as contas nunca dão trégua, despencam sem qualquer compaixão. Por outro lado é um tempo para pesquisas (que eu nunca sei muito bem pra que e pra onde vou com tudo isso), baixou músicas, filmes, textos; vejo coisas, escuto outras, descubro novos sites e visito os antigos.

Ultimamente andei atrás de alguns cineastas.
Jia Khangke (chinês) é um deles; assisti a dois de seus filmes, Still Life e Xao Wu. A princípio nada me empolgou muito para justificar a fama de "leading figure of Sixth Generation" como diz o ensaio sobre ele do site Sense of Cinema. Passados alguns dias e os dois filmes não me saem da memória, uma sensação interessante eu diria. Me faz acreditar na longevidade dele como autor, seus filmes, com um despojamento generalizado (ação, câmera, movimentos...) grudam em nossa memória e trazem discussões e visões sérias sobre esse gigante desconhecido chamado China. Questões que nos são menos divulgadas, pois não interessam ao governo chinês (que não permite a distribuição dos filmes de Jia por lá) mais interessado nas pirotecnias visuais da última leva de épicos chineses (Herói, Clã das Adagas Voadoras, A Promessa, Guerreiros do Amanhecer...). Não se enganem, eu gosto de vários desses filmes, mas me interessei pelos modestos (na forma) filmes de Jia. Vou ver mais filmes dele e volto em outro momento com mais coisas.

Outros dois cineastas, esses das antigas que me interessaram no momento são Werner Herzog e John Cassavetes. O primeiro por causa de uma bela entrevista dada à revista Filmmaker sobre o lançamento de Rescue Dawn e o segundo por causa de um documentário sobre Cinema Independente Americano que assisti hoje na tv a cabo (se não me engano chama-se Na Contramão). Estou tentando ver alguns filmes menos conhecidos do primeiro e alguns do segundo que quase ou nada têm lançados no Brasil.
Do Werner são três documentários (Little Dieter Needs To Fly; Fata Morgana; Land Of Silence And Darkness) e um de ficção (Even Dwarfs Started Small) e do Cassavetes os filmes mais famosos
(Shadows; Faces; A Woman Under The Influence e Gloria). Minhas espectativas são grandes pelos artigos que li.

Aproveito meu tempo para ver séries de tv (que prefiro baixar a ter de esperar a boa vontade das tvs do Brasil) e recomendo três delas: Weeds, ótima série, que dá um banho da ultra badalada Desperate Housewives; Dexter, sobre um serial killer que trabalha na polícia (!) e uma série antiga e inédita no Brasil, Black Adder, com Rowan Atikinson, o Mister Bean. Essa série foi considerada numa votação no site da BBC uma das melhores comédias de todos os tempos lá pelos lados da Rainha.

Livros são poucos, e só eu sei como me martirizo pela meu abandono, mas lí dois nos últimos tempos: Harmada, de João Gilberto Noll, que não me tocou muito. Me pareceu um pouco disperso além da conta, mas tem seus méritos e alguns momentos bem interessantes. Gostaria de assistir a versão para o cinema do Capovilla...

O outro livro é uma grande obra; Desonra, de J.M. Coetzee. Recomendo com louvor. Uma narrativa forte e seca sobre a derrocada moral de um professor universitário. Duas coisas me agradam demasiadamente; sua defesa esmagando intelectualmente seus opositores num caso de assédio e sua dificuldade em entender a atitude de sua filha frente à violência que se abateu sobre eles.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Transformers e a imposição do pensamento


Há algo de nocivo no Cinema Americano para massas. Uma certa imposição de olhar que nos força a um tipo de pensamento dominante, no caso o do americano médio, truculento e virado para o próprio umbigo.
Ontem fui ver o novo filme de Michael Bay, "Transformers". Não por vontade ou por goste dele, pelo contrário acho-o um dos piores cineastas do mundo, apesar de sua "maestria" em criar filmes "americanoépicos". Desde do insuportável "A Rocha", passado pelos odiosos "Armagedon", "Pearl Harbor" e no apenas mediano "A Ilha", sua características não mudam, estão lá a câmera lenta nos momentos-chave, a música épica e emocional, as tele-objetivas, o pôr-do-sol amarelado com silhuetas, os movimentos de câmera rápidos, o shake de câmera, a montagem picotada onde pouco se vê, os contra-luzes, o óleo espalhado nos corpos, enfim, todas as coisas que ele "importou" da mais odiosa e inútil das "artes", a propaganda.
O perigo desse tipo de filme está justamente nessa manipulação e anestesiamento dos sentidos do espectador. Camuflado por dezenas de técnicas de construção o filme empurra sua visão de mundo tacanha e paranóica. Michael Bay (mas não só ele) se especializou nesse tipo de filme.
Estou cansado de ver aquele plano da bandeirinha americana tremulando presa num carro ou numa casa. Não suporto ver a "sagacidade" e esperteza dos americanos. A força e caráter dos Militares americanos.
Transformers não se furta de utilizar as mais baixas e insuportáveis técnicas de persuasão do Cinemão Americano. O robô bom principal Optimus Prime tem as cores da bandeira americana. Os diálogos são recheados de piadinhas e "sacadas" para nos fazer rir. Temos o herói anti-herói (Sam, o rapaz que compra o carro) que acaba por ganhar a menina mais linda e gostosa da turma (Mikaela) que namorava um imbecíl jogador de futebol americano (que em um futuro próximo será o marine que lutará até a morte para defender o American Way of Life). Temos os gênios jovens da informática (Maggie e Glen) que conseguem descobrir coisas que os maiores analistas de sitema do governo americano não vêm (claro, todos figurantes). Temos o chefe do governo bonzinho que entrega a salvação do mundo nas mãos de cidadãos comuns (Secretário da Defesa John Keller). Temos o projeto secreto criado há muitos anos com personagens misteriosos, porém engraçados (Agent Simmons). Os soldados bonitos, fortes, pais de família, mas dispostos a tudo para salvar o país (Capitão Lennox e Sargento Epps), e ainda melhor, um branco e um negro para contrabalançar as cotas.
Estão lá também as cenas dos pilotos subindo nas aeronaves americanas no contra-luz amarelado com as mesmas tele-objetivas que o Tony Scott (outro diretor que, apesar de ter filmes bons no currículo, deve-se tomar cuidado) usou em Top Gun.
Os adolescentes (e demiolados adultos da platéia) adoraram, é claro, mas a de se pensar o quanto da ideologia americana foi enfurnada na cabeça deles. A paranóia americana contra as invasões externas, sejam elas chinesas, coreanas, iranianas, russas (ainda!?), ou alienígenas está lá, sendo resolvida por "todo" povo americano, que quando é insultado e instado a fazê-lo torna-se o maior dos heróis. As frases que se repetem para "amarrar" o roteiro (No Sacrifice, no victory; sem sacrifício, não há vitória).

Transformers (e seu comandante, Michael Bay) representa o que de pior se faz no Cinema Americano e mundial, o uso do dinheiro ilimitado (no caso 150 milhões de orçamento) para a imposição de uma idéia através do que parece ser somente um inofencívo entretenimento.
Devemos ficar atentos e prontos a rechaçar esse tipo de atitude.
Cuidado com os Transformers, os 300, os Armagedons, os Top Guns, os Black Hawk Down(s), os Guerra dos Mundos, os Sargento York (isso, o passado também é odioso), os Bay, os Bruckheimer, os Spielberg (sim, ele também em vários casos...) e tantos outros...

sábado, 30 de junho de 2007

Força Velhão


Hoje fui ver meu pai no Hospital. Foi operado. Cancêr na Próstata. Parece que tudo se resolverá bem, mas a visão dele na cama mexeu um pouco comigo.
Quando somos crianças sempre acreditamos que nosso pai é forte e inteligente, que estará sempre lá para nos apoiar.
Na adolescência nos deparamos com um Pai falho, que não entende nossas necessidades e autoritário, que nos impõe regras quando não queremos nenhuma.
Adultos começamos a descobrir que ele não é tão forte assim. Nos pegamos dando broncas nele por burradas ou mesmo atitudes impensadas e começamos cada vez mais a nos parecermos com ele.
Hoje tive a visão de quão fraco ele pode ser... A doença pode levá-lo algum dia (e espero que demore muito) e somos também impotentes quanto a isso. O vi deitado na cama, com os olhos fechados e ânsia de vómito (por causa da anestesia) e ouvi da minha mãe uma verdadeira e real frase de amor. "O meu velho está bonito". Ele sorriu. Depois dormiu.
Sei que nunca fomos uma família muito amorosa e, acho, bem distantes uns dos outros. Eu e meu irmão quase não nos falamos e dificilmente nos abraçamos meu Pai e eu. Mas hoje, o vendo alí, deitado com aquele monte de fios e tubos na UTI do Hospital pensei em tudo que ele nos ensinou e fiquei agradecido.
Força Velhão.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Zodiaco



Ontem fui ver o novo filme do David Fincher, Zodíaco.
Gostei bastante.

Feito em HD sem compressão. Nem se percebe. A não ser por um tom de pele "plástico" que eu já havia notado no Senhor dos Anéis. Sei lá, preciso conversar com fotógrafos...
Ótimo elenco

Bem contado, ganha muito no momento que o Cartunista (Jake Gyllenhaal) vem para o centro do filme. Aliás, bem interessante essa forma de contar, cada um dos três personagens principais (além de Jake, Robert Downey Jr e Mark Ruffalo) tem seu momento. O do Jake é o melhor, e mais interessante.
Um filme em que a preocupação
é a busca e não o resultado dela.

VIVA, o Fincher Voltou!!!! (depois do equívoco do Quarto do Pânico)


PS: como curiosidade achei alguns outros filmes com base no mesmo assassino AQUI. Acho que só o de 2005 vale a pena (que também tem no elenco Philip Baker Hall) AQUI. No mais, o comentário satírico fica para o Ulli Lommel, que cometeu dois!!AQUI1 AQUI2

PS2: Ainda vou fazer um post sobre o Ulli Lommel... acho que vale a pena...

Brasil



Ok, ok, ok,
Estava em débito com os filmes nacionais e resolvi aproveitar o feriado para me atualizar. Queria ver três: O Cheiro do Ralo, Baixio das Bestas e Não por Acaso. Pelo que tinha lido e pelo retrospecto dos diretores (Heitor Dhalia, Claudio Assis e Philipe Barcinski) apostava minhas fichas no último deles. O primeiro filme do Heitor (Nina) é fraco... bem fraco. Bela fotografia e atuações esterotipadas (A Nina e sua versão clichê da roqueirinha dark
rebelde...). O do Claudio (Amarelo Manga), apesar de festejado, me pareceu excessivo, com atuações beirando a histeria, cenas feitas só pra incomodar (como as do matadouro) e um discurso que a mim incomoda profundamente, a tentativa de se excluir dos males da gentália brasileira. O "artista" que toca na hipocrisia da sociedade (algo que o famigerado Sergio Bianchi costuma vomitar na nossa cara). Isso sem contar a aparição despropositada do diretor.
Barcinski, do qual havia visto antes o curta Palíndromo, me parecia interessante e o trailer de seu filme me capturou (aliás, verdade seja dita, os três trailers são bem interessantes e cumpridores de seu papel, nos dão vontade de assistir aos filmes sem nos contar muita coisa).
Obviamente, como todos os plano que faço, não consegui realizar a empreitada. Optei por ver os dois mais antigos, Não por acaso acabara de entrar em cartaz e durará (espero) mais algumas semanas.
Vi os dois no mesmo dia (sábado, sessões das 20:10h e 23:20h), o que talvez não seja muito apropriado, uma vez que o primeiro filme acaba não tendo o tempo necessário de maturação em nossa mente para que se forme uma opinião mais duradoura, mas... nas minhas circunstâncias, era o possível.

Baixio: Mais interessante que Amarelo Manga (ainda que os "defeitos" que apontei acima ainda estejam lá, em menor grau). Trata da degradação (por isso bestas) da população de um vilarejo (o Baixio) perdido no meio do Nordeste. A Hipocrisia do Avô/Pai que faz um discurso sobre a falta de moralidade e hombridade do local enquanto pratica um ato muito pior com sua neta é um ponto interessante.
A classe mais abastada do local se parece com uma espécie de mistura entre Kids (Larry Clark) com O Ódio (Mathieu Kassovitz). Amoral e Imoral, sem metas ou esperanças, sonhos ou gratidão. Vive uma vida vazia e egoísta, em busca de uma satisfação Sádica de humilhação da classe "inferior" (no caso as Putas e lavadeiras virgens).
Não há responsabilidade nem comprometimento de ninguém. Não existe nenhum personagem "bom". Existe tão somente os ingênuos e os cegos (que fingem não ver nada).
O que me incomodou nesse filme foi a falta de ir aos limites sugeridos por Claudio, digo isso principalmente na cena do ataque da neta pelo filho abastado da cidade. Assis cria um ambiente de desconforto no espectador mas evita uma encenação mais realista; o ataque me parece por demais coreografado. Não entendo o pudor de Assis em mostrar, por exemplo, o
pau do ator. Todos se viram para que nada apareça. Isso em mim causa um sentimento de afastamento da cena, uma vez que ela foi concebida de forma realista, mas se recusa a continuar nesse tom. Até parece que estão preocupados com a censura de classificação ...
Outro ponto que me desagrada é a invasão da casa do avô, alegórica demais para esse tipo de filme.


Cheiro do Ralo: O vi após, em outra sala de cinema. O filme vem seguido de enorme campanha da crítica e um forte boca a boca, além de prêmios em vários festivais. Já entro com uma "carga" colocada em meus ombros, mas...
O filme tem boas idéias, atuações e soluções interessantes, mas me desagrada muito a insistência (que é compartilhada por toda a publicidade e alguns filmes internacionais) na estética anos 70, "sim, somos modernos e descolados porque gostamos do retrô, do vintage". Ai, ai, ai...
Palmas para o Zé Bob, pela fotografia, para a Bunda, pela "grande atuação" (não resisti) e principalmente para o Lourenço, pelo livro e por sua aparição iluminada.
Acho mesmo que o filme seria muito melhor se o próprio Lourenço vivesse o personagem principal. Claro, claro que o Selton Melo está bem (não, esse não é seu melhor momento, como repete a crítica desinformada desse país, não esqueçam de O Auto da Compadecida e Lavoura Arcaíca), mas o acho um erro para o filme, que ficasse só como produtor executivo.
No saldo final gostei dos filmes (mais do que os anteriores dos dois diretores) mas fiquei com uma ponta de remorso por não ter visto o filme do Barcinski.

domingo, 20 de maio de 2007

Ninguém liga... nem você...



"Bem..."
pensou o assistente, enquanto ouvia, do outro lado da linha, pelo celular, o diretor do filme lhe empurrar toda a responsabilidade pelo elenco.
"Confio em você."
foi o que disse o diretor no final da chamada.
Desligou em seguida.
Tanta coisa pra fazer e decidir. Corto ou não corto o elenco? Pior que gostei da maioria. Me guio pela lista de carros. Tem muito Palio e pouco Siena e Strada...
E a pasta? Deixa do jeito que está. Não mexe que fede...
Penso nos próximos trabalhos. Será que estarei neles? Será que não? Será que importa?
Nem pensei na idéia para o programa do Discovery. Aposto que meu assistente pensou. Lógico, enquanto fico aqui me danando, ele tem tempo de sobra pra se esbaldar. Esperto o cara. Trabalha pouco e mantém o nome em alta. Você devia aprender com ele.
"O pior que amanhã é meu rodízio, não posso sair daqui em cima da hora..."
Sexo, sexo, sexo... tô ficando mais velho e mais safado...
"A PORRA DA CÓPIA AINDA DEMORA!!!"
E amanhã todos vão sorrir, como se ninguém pensasse em te ferrar, e vão fingir que se importam com você, perguntar se acabou muito tarde.
"Não, não, até que não saí tarde..."
Mentira, saiu BEM TARDE!
Ninguém liga... nem você...

domingo, 13 de maio de 2007

I´m a Cyborg, But That´s Ok



Hoje assiti ao novo filme de Park Chan-Wook, diretor da trilogia da vingança (Sympathy for Mister Vengeance, Old Boy e Sympathy for Lady Vengeance), I´m a Cyborg, But That´s Ok, filmado, ou melhor, gravado em HD (Viper da Thompson).


Desde que vi Old Boy me viciei nos filmes desse coreano ( tenho ainda um curta seu Judgement e o filme 3 Extremos, composto de três estórias dirigidas por diretores asiáticos, a saber, além de Park, Fruit Chan e Takashi Miike). Baixei os outros dois filmes da trilogia e me deleitei com seu cinema virtuoso.

Quando soube desse último filme fiquei ansioso e nessa semana, consegui baixá-lo (com a desculpa de ter de usá-lo numa pesquisa para uma propaganda que estava fazendo).
Hoje, finalmente, decidi assistí-lo.
Não diria que se trata de um filme fácil. É preciso aceitar certas liberdades para poder apreciá-lo. A estória trata de uma garota (Su-Jeong Lim)
que acredita ser um ciborgue e é levada para um manicômio. Lá, se apaixona por um dos internos.

O filme de Park me lembrou as travessuras narrativas de Michel Gondry (Brilho Eterno de uma mente sem Lembranças e, principalmente, A Ciência do Sono), com sua verve Surrealista. Park trata o filme como uma fábula romântica (assim como o Gondry dA Ciência) e se aproveita do fato de estar num manicômio para se liberar quanto a realidade. Somos surpeendidos o tempo todo com fugas da realidade. Em certos momentos fica difícil de entender se é uma realidade fantástica ou um sonho dos personagens.

Não sei dizer se gostei ou não, precisarei de alguns dias para deglutir melhor. Cyborg tem ótimas idéias (adorei a forma como a Avó, falecida aparece num campo), mas algo nas interpretações me incomodou. Os internos do manicômio parecem "loucos" demais pro meu gosto. Na verdade cheguei a dar uma cochilada no meio do filme. Talvez isso se deva, um pouco, ao fato de estar assitindo com legendas em espanhol.

Visualmente gostei bastante do que ví. Se não tivesse lido antes que o filme fora gravado em HD, nem de longe suspeitaria. Park foi inteligente, faz um filme "clarinho", com boa invasão de luz, sem enfrentar externas de sol forte e mesmo situações desfavoraveis de luz. O único momento em que reparei um "deslize" foi, logo no início, quando a mãe da protagonista, em flashback, entra na cabana de sua mãe; a luz de fora fica extremamente estourada.
A direção de arte caminha lado a lado com a idéia de fábula romântica surreal. Cores intensas e primárias ajudam a "embelezar" o filme.
Na música uma repetição das idéias dos filmes anteriores (se não me engano o compositor é sempre o mesmo). Valsas...