quinta-feira, 26 de julho de 2007

Transformers e a imposição do pensamento


Há algo de nocivo no Cinema Americano para massas. Uma certa imposição de olhar que nos força a um tipo de pensamento dominante, no caso o do americano médio, truculento e virado para o próprio umbigo.
Ontem fui ver o novo filme de Michael Bay, "Transformers". Não por vontade ou por goste dele, pelo contrário acho-o um dos piores cineastas do mundo, apesar de sua "maestria" em criar filmes "americanoépicos". Desde do insuportável "A Rocha", passado pelos odiosos "Armagedon", "Pearl Harbor" e no apenas mediano "A Ilha", sua características não mudam, estão lá a câmera lenta nos momentos-chave, a música épica e emocional, as tele-objetivas, o pôr-do-sol amarelado com silhuetas, os movimentos de câmera rápidos, o shake de câmera, a montagem picotada onde pouco se vê, os contra-luzes, o óleo espalhado nos corpos, enfim, todas as coisas que ele "importou" da mais odiosa e inútil das "artes", a propaganda.
O perigo desse tipo de filme está justamente nessa manipulação e anestesiamento dos sentidos do espectador. Camuflado por dezenas de técnicas de construção o filme empurra sua visão de mundo tacanha e paranóica. Michael Bay (mas não só ele) se especializou nesse tipo de filme.
Estou cansado de ver aquele plano da bandeirinha americana tremulando presa num carro ou numa casa. Não suporto ver a "sagacidade" e esperteza dos americanos. A força e caráter dos Militares americanos.
Transformers não se furta de utilizar as mais baixas e insuportáveis técnicas de persuasão do Cinemão Americano. O robô bom principal Optimus Prime tem as cores da bandeira americana. Os diálogos são recheados de piadinhas e "sacadas" para nos fazer rir. Temos o herói anti-herói (Sam, o rapaz que compra o carro) que acaba por ganhar a menina mais linda e gostosa da turma (Mikaela) que namorava um imbecíl jogador de futebol americano (que em um futuro próximo será o marine que lutará até a morte para defender o American Way of Life). Temos os gênios jovens da informática (Maggie e Glen) que conseguem descobrir coisas que os maiores analistas de sitema do governo americano não vêm (claro, todos figurantes). Temos o chefe do governo bonzinho que entrega a salvação do mundo nas mãos de cidadãos comuns (Secretário da Defesa John Keller). Temos o projeto secreto criado há muitos anos com personagens misteriosos, porém engraçados (Agent Simmons). Os soldados bonitos, fortes, pais de família, mas dispostos a tudo para salvar o país (Capitão Lennox e Sargento Epps), e ainda melhor, um branco e um negro para contrabalançar as cotas.
Estão lá também as cenas dos pilotos subindo nas aeronaves americanas no contra-luz amarelado com as mesmas tele-objetivas que o Tony Scott (outro diretor que, apesar de ter filmes bons no currículo, deve-se tomar cuidado) usou em Top Gun.
Os adolescentes (e demiolados adultos da platéia) adoraram, é claro, mas a de se pensar o quanto da ideologia americana foi enfurnada na cabeça deles. A paranóia americana contra as invasões externas, sejam elas chinesas, coreanas, iranianas, russas (ainda!?), ou alienígenas está lá, sendo resolvida por "todo" povo americano, que quando é insultado e instado a fazê-lo torna-se o maior dos heróis. As frases que se repetem para "amarrar" o roteiro (No Sacrifice, no victory; sem sacrifício, não há vitória).

Transformers (e seu comandante, Michael Bay) representa o que de pior se faz no Cinema Americano e mundial, o uso do dinheiro ilimitado (no caso 150 milhões de orçamento) para a imposição de uma idéia através do que parece ser somente um inofencívo entretenimento.
Devemos ficar atentos e prontos a rechaçar esse tipo de atitude.
Cuidado com os Transformers, os 300, os Armagedons, os Top Guns, os Black Hawk Down(s), os Guerra dos Mundos, os Sargento York (isso, o passado também é odioso), os Bay, os Bruckheimer, os Spielberg (sim, ele também em vários casos...) e tantos outros...

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